Conduzido pela Universidade de Passo Fundo (UPF) em parceria com a APAE local, a pesquisa revelou que 1 em cada 30 crianças entre 2,5 e 12 anos apresenta diagnóstico de autismo.
O estudo, realizado no município de Coxilha, no Rio Grande do Sul, é um marco importante para iluminar as necessidades das pessoas com autismo e suas famílias, fornecendo dados regionais que estão alinhados com tendências globais.
Embora não seja nacional, os resultados são consistentes com os divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos, que estabeleceu a prevalência atual de 1 em cada 36 crianças. Essas descobertas ressaltam a urgência de ações que promovam o diagnóstico precoce e o suporte inclusivo para pessoas com TEA.
Por que Coxilha?
Coxilha foi escolhida por sua estrutura organizacional e serviços de saúde bem estruturados, que permitiram avaliar todas as crianças da faixa etária estudada sem grandes desafios logísticos. A pesquisa utilizou a Mini-TEA, uma ferramenta inovadora desenvolvida pela UPF.
A Mini-TEA é um questionário composto por 48 perguntas simples, direcionadas aos pais ou responsáveis, que pode ser aplicado em apenas 10 minutos. Sua simplicidade elimina a necessidade de treinamento prévio para os aplicadores, o que torna o processo mais acessível. Essa ferramenta é especialmente útil para reduzir as filas de espera para avaliações diagnósticas, um problema recorrente no sistema de saúde brasileiro.
Os resultados foram impressionantes: a aplicação da Mini-TEA dobrou o número de diagnósticos de TEA, evidenciando a eficácia da ferramenta em identificar sinais precoces de autismo. Isso reforça seu potencial para ser utilizada em outras localidades, especialmente em regiões onde o acesso ao diagnóstico ainda é limitado.
A Importância de Dados Regionais
Embora não tenha sido um estudo de abrangência nacional, os dados de Coxilha são extremamente relevantes para compreender o autismo em contextos regionais e para inspirar novas pesquisas em diferentes partes do Brasil.
Antes desse levantamento, o país carecia de informações atualizadas e abrangentes sobre o TEA. Estudos anteriores, como o realizado em 2010 pelo falecido psiquiatra Marcos Tomanik Mercadante, indicavam uma prevalência de 1 caso para cada 368 crianças, números muito inferiores aos divulgados agora.
O Contexto Internacional e a Relevância Brasileira
Os dados de Coxilha estão em consonância com as tendências internacionais. Nos Estados Unidos, a prevalência de TEA passou de 1 em 150 crianças no início dos anos 2000 para 1 em 36 atualmente. Esse aumento não indica necessariamente uma maior incidência, mas reflete avanços nos métodos de diagnóstico, maior conscientização da população e ampliação dos critérios diagnósticos.
No Brasil, esse estudo é um primeiro passo fundamental para compreender melhor o espectro autista e suas demandas. Ele também aponta para a urgência de investimentos em formação de profissionais e na criação de sistemas de saúde mais acessíveis e inclusivos.
Próximos Passos para o Brasil
Com base nas descobertas de Coxilha, algumas medidas podem ser tomadas para melhorar o atendimento às pessoas com autismo:
- Expansão da Mini-TEA: A adoção dessa ferramenta em outras localidades permitiria uma triagem mais rápida e eficiente, reduzindo gargalos no diagnóstico.
- Capacitação de Profissionais: Treinar educadores, médicos e terapeutas para identificar sinais precoces de TEA e implementar estratégias de apoio inclusivo.
- Inclusão Escolar: Garantir que crianças com autismo tenham direito a acompanhantes especializados, adaptações curriculares e ambientes que respeitem suas particularidades.
- Apoio às Famílias: Oferecer suporte financeiro e psicossocial, fundamentais para que as famílias consigam enfrentar os desafios relacionados ao TEA.
O diagnóstico precoce e o suporte adequado são ferramentas que transformam desafios em possibilidades. Crianças com autismo podem desenvolver talentos e viver de forma plena quando recebem atenção e cuidados necessários.
Lembre-se de que aqui você encontra um espaço acolhedor para compartilhar dúvidas, desafios e conquistas.
Escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe seus desafios. Será uma honra conhecer sua história. Juntas, podemos construir um futuro mais justo e inclusivo para todas as pessoas com TEA.
Um beijo e até a próxima quarta-feira
Juçara Baleki
@querotratamento
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