Mapa não é território

Existe uma grande chance de você já ter tido a experiencia de ir ao cinema amar o filme e a pessoa que estava com você não curtir. Ou talvez, você tenha feito uma viagem que odiou com todas as suas forças, mas a pessoas que estava com você curtiu cada instante. Um outro exemplo é comida, você deve ter o seu prato favorito e conhecer alguém que não suporta nem o cheiro. E as vezes o exemplo fica ainda mais interessante, você convive diariamente com alguém que não curte o seu estilo musical e você escuta esse estilo de música para tudo que faz. Essas são situações que exemplificam, de forma clara, o conceito da PNL (programação neuro linguista) que diz que MAPA NÃO É TERRITÓRIO. Mas o que exatamente eles querem dizer com isso?

Vamos resgatar um exemplo mais recente que o mundo viveu e as pessoas tiveram um impacto gigantesco em suas vidas, e que claro, independente do que vamos trazer aqui, tenho certeza que ninguém gostaria de ter vivido e que mesmo assim foi percebido de formas diferentes. Estou falando da pandemia do COVID-19.

Um momento pandêmico é uma oportunidade de observação sobre a mente e as relações humanas. Nossos comportamentos mais primitivos afloram diante de uma situação tão adversa e que trás consigo um risco eminente de morte. Mas será que todos nós passamos pela pandemia COVID-19 da mesma maneira? Não estou falando de condições sociais ou econômicas, estou falando no sentido de que será que realmente a experiencia mental e emocional foi igual para todos nós?

Por várias ocasiões escutamos a frase ESTAMOS NO MESMO BARCO, na minha interpretação essa frase é uma tentativa de acolher as pessoas e dizer que elas não estão sozinhas, eu entendo, agradeço e não me ajuda muito porque por muitas vezes eu olho para este barco e as pessoas estão desesperadas e eu não. Outras vezes, olho para este barco e as pessoas estão felizes e eu não. Outras vezes, olho para este barco e vejo pessoas tentando pular fora e eu estou curtindo a navegação e outras vezes, eu só queria estar nadando.

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Nada contra o barco cheio de gente, mas eu queria passar um tempo apenas comigo. O que quero dizer é que a palavra BARCO desta frase deveria, a meu ver, ser substituída por MAR e sabermos que temos uma frota de embarcações ao nosso redor, mas que cada um é o seu próprio BARCO. Alguns estão remando, outros tem um pequeno motor, outros são lanchas velozes e alguns estão simplesmente flutuando esperando o vento soprar.

Quando a PNL diz que MAPA NÃO É TERRITÓRIO podemos pensar nas plataformas de GPS como Google Maps e WASE, por exemplo, onde as cidades são as mesmas, mas elas muitas vezes criam caminhos diferentes a serem percorridos. Afinal não existe apenas UMA rota para se chegar em algum lugar.

Mas, vamos voltar aos primeiros exemplos, quanto vamos ao cinema o FILME é o território, mas cada um de nós assistiu esse território através do seu próprio MAPA.

A VIAGEM é o território, mas cada um significou essa experiencia através do seu MAPA. A COMIDA é o território, mas cada um usou, para além do paladar, suas próprias lembranças afetivas para sentir esse sabor e essas lembranças são os nossos MAPAS.

Então, quando tentamos entender os outros através de nossos próprios mapas mentais já começamos errados. Mesmo que a empresa seja a mesma, mesmo que sejamos familiares vivendo na mesma casa e mesmo que seja seu par amoroso ou sua melhor amiga, cada um de nós está fazendo uma leitura diferente de cada instante, ambiente ou situação.

Por mais incrível que seja a sua condição de compreender e interpretar as situações deixe sempre um espaço de aceitação e flexibilidade para acolher e respeitar a possibilidade que alguém a sua volta não esteja tendo o mesmo ponto de vista ou sensação que você. O mundo nunca será único mesmo as pessoas sendo únicas.

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