Crítica: Sobrenatural: A Última Chave (Insidious: The Last Key)

Quem me conhece um pouco e segue meus textos, sabe do meu apreço pelo horror. Trata-se indubitavelmente de meu gênero cinematográfico preferido. Em 2009, um pequeno filme do gênero me assombrou, nos dois sentidos do termo, e entrou direto na minha galeria de favoritos do gênero. O filme era o primeiro Sobrenatural (Insidious), dirigido pelo então ainda ascendente James Wan, que depois viria a se consagrar como o principal nome do horror americano atual, principalmente graças à sua posterior franquia, Invocação do Mal (The Conjuring), atualmente em seu segundo capítulo.

Uma espécie de homenagem ao clássico Poltergeist: O Fenômeno (Tobe Hooper, 1982), mas com uma roupagem e condução narrativa toda nova e energizada, Sobrenatural é muito mais inteligente do que parece à princípio (principalmente se levarmos somente em conta o pouco inspirado título nacional da produção), e por isso mesmo, mais assustador (se alguém me disser que não gelou a espinha com o demônio da cara-preta ou o fantasma dançarino que aparecem no filme, eu não acredito). O filme ganhou duas sequências, os medianos porém eficientes Sobrenatural: Capítulo 2 (ainda sob a direção de Wan), e Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3), que promoveu o roteirista das obras anteriores, Leigh Whannell (colaborador frequente de Wan), à diretor.

A franquia volta aos cinemas agora em 2018, com seu suposto “último capítulo”, Sobrenatural: A Última Chave (Insidious: The Last Key, EUA/CAN, 2018), mais um produto apenas adequado da franquia, que traz alguns sustos decentes e mais uma ótima performance daquela que se tornou a alma e fio condutor da série de filmes, a atriz Lin Shaye e sua médium Elise Rainier. Assim como Sobrenatural: A Origem, este A Última Chave também é uma prequel, que precede os dois primeiros filmes da saga. Se A Origem revelou como Elise veio a conhecer seus parceiros de caça aos fantasmas (e alívios cômicos da franquia), Specs (o próprio Leigh Whannel, mais uma vez encarregado do roteiro) e Tucker (Angus Sampson, de Mad Max: Estrada da Fúria), este A Última Chave consiste na primeira grande aventura dos personagens como uma equipe.

Dirigido por Adam Robitel (do sólido A Possessão de Deborah Logan, 2014), o filme retoma a narrativa da franquia mostrando a recente mudança de Elise para a casa onde vivem seus novos e desorganizados assistentes. Não demora para a médium receber um telefonema de um homem pedindo à Elise que exorcize sua casa mal-assombrada. O único problema é que trata-se da mesma casa onde Elise passou sua infância permeada por frequentes abusos. Ou seja, confrontar o demônio que vive lá – uma bestial criatura que tem chaves no lugar dos dedos – é também confrontar seu próprio passado tortuoso.

Um dos problemas de filmes sobre caçadores de fantasmas é que eles estão sempre se metendo nas vidas de outras pessoas, e eles poucas vezes estão pessoalmente ligados aos monstros que assombram sua clientela. Sobrenatural: A Última Chave tenta solucionar esta pequena cilada, mas acaba indo longe demais na direção contrária. A maioria dos outros personagens do filme, incluindo o novo proprietário da casa assombrada, Ted Garza (Kirk Acevedo, das séries Kingdom e 12 Monkeys), são criminosamente esquecidos dentro da trama, o que acaba por complicar um pouco a imersão do público na história, já que é difícil o espectador se importar com quem não conhece direito.

A Última Chave tenta compensar sua falta de suspense decorrente deste problema que mencionei, investindo pesado em seu trio de protagonistas, Elise, Specs e Tucker, que de certa forma, já têm seu futuro conhecido pelo grande público (retratado nos dois primeiros filmes da série). Tal investimento pesado da trama em seus personagens principais também revela os dois lados da moeda: o miolo do filme é forte e bem desenvolvido, mas a conclusão peca pela falta de impacto, justamente pelo fato do espectador saber que a conclusão de seus personagens não é a definitiva.

Ainda assim, quando você pensa que sabe exatamente onde A Última Chave está indo, o roteiro de Whannel consegue jogar uma esperta nova reviravolta no caminho, e o diretor Robitel faz um bom trabalho na composição da atmosfera do filme, macabra e sombria como um bom filme de horror deve ser. Sem falar que é sempre um prazer assistir à Lin Shaye carregar um filme todo nas costas, e ela mais uma vez mostra porque é a espinha dorsal da franquia.

Contudo, é impossível não pensar que com este A Última Chave, a franquia Sobrenatural lança duas prequels consecutivas, e o arco narrativo da saga como um todo está travado. O filme até empolga, mas é ao mesmo tempo um tanto desequilibrado narrativamente, e pouco agrega à série como um todo. Resumindo, Sobrenatural: A Última Chave não está entre os destaques da franquia, nem de perto, mas Lin Shaye é uma presença sempre cativante dentro da série, e os sustos, especialidade da saga, ainda justificam o preço do ingresso, nem que seja de uma matinê.

Sobrenatural: A Última Chave estreia nos cinemas brasileiros no dia 18 de Janeiro.

5 respostas

  1. Confesso que Bruxa de Blair (o primeiro) me deixou um tempo sem colocar os pés no chão, no escuro do meu quarto (eu tinha que acender a luz antes rsrsrs). Desde então este trailler foi o que me causou algo semelhante . Vou assistir de fraldas kkkk

    1. Hehehe… não é tão assustador assim, amigo Leandro Marques. Mas dá para se assustar um pouco. Rs!
      Obrigado pela visita e pelos comments, volte sempre ao Portal do Andreoli!
      Abraços!

  2. Filme muito fraco!
    Gostei do começo, mas depois…
    A história peca muito, quando do nada são inseridos outros personagens na trama e começam a ter uma influência grande no desenrolar da história (mas isso sem ter muito sentido) !
    Aquele apito é mó palhaçada kkkkkkk a mãe no final, cara! Muito sem criatividade essa parte hahhahahhaahha

  3. Era uma história passável, mas muito ruim em comparação com a primeira. Patrick Wilson sempre ajuda com a história por causa de seu talento. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Fome de poder é um dos seus filmes mais recentes e foi, na minha opinião, um dos mehores filmes 2016 que eu vi. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Além, acho que a sua participação neste filme drama realmente ajudou ao desenvolvimento da história.

  4. Confesso que sou muito viciado em filme de terror, mas esperava mais dessa nova franquia de “sobrenatural”, quem sabe no próximo filme. De todos que já assisti o que mais me surpreendeu mesmo “Invocação do mal”, deixa qualquer outro no chinelo rsrsrs.

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