Crítica: Te Pego na Saída (Fist Fight)

Em 1987, a simpática (e campeã de reprises na Sessão da Tarde) comédia Te Pego Lá Fora (Three o’clock High), conquistou grande parte do público (eu incluído), ao apresentar de maneira esperta a história do estudante Jerry Mitchell (o sumido Casey Siemaszko, de Conta Comigo), um aluno organizado e um tanto covarde, que é desafiado para uma briga pelo valentão do colégio, na frente da escola, ao final do período de aula.

Dada a simplicidade da produção, que é a cara dos anos oitenta, seria difícil acreditar que o filme, exatos trinta anos depois, viria a ganhar um remake. E é exatamente isso o que acontece com a chegada deste Te Pego na Saída (Fist Fight, EUA, 2017), refilmagem que aproveita quase toda a estrutura do filme original, com exceção de um bem-humorado twist em sua trama: Desta vez, a briga não é entre dois alunos. Mas sim entre dois professores!

Os professores em questão são o medroso Andy (Charlie Day, da franquia Quero Matar Meu Chefe), e o pavio-curto Strickland (Ice Cube, da franquia Sexta-Feira em Apuros). Após Andy dedurar Strickland para a direção da escola, devido a um incidente com um aluno no último dia de aula do ano, Strickland “convoca” Andy para uma briga, assim que o período de aulas acabar, às 15h daquele dia. A produção então, retrata os momentos de desespero do covarde Andy antes da suposta briga, e do que o professor está disposto a fazer para escapar da surra que o aguarda.

Apesar da boa ideia aproveitada do filme de 1987, o diretor Richie Keen (de diversos episódios da série It’s Always Sunny in Philadelphia, onde dirigiu o próprio Charlie Day), exagera no tom histriônico da produção, ao contrário do filme original, que trabalhava seu roteiro de maneira discreta, e por isso mesmo mais engraçada.

Não que Te Pego na Saída seja completamente sem graça. O roteiro da dupla de estreantes em longas Van Robichaux e Evan Susser traz alguns diálogos engraçados, repletos de muito palavrão e linguagem chula, mas que arranca algumas boas risadas. O elenco coadjuvante também aparece bem na produção, com destaque para a engraçada gordinha Jillian Bell (de A última Ressaca do Ano), o comediante Tracy Morgan (de Tiras em Apuros), e também do mal-encarado Dean Norris (da série Breaking Bad), que interpreta o diretor da escola. As sequências em que o personagem de Norris é seguido por uma banda de mariachis contratada pelos alunos do colégio exclusivamente para espezinhar o diretor, são realmente hilariantes.

Contudo, alguns exageros da produção, e o humor excessivamente forçado de seus minutos finais, prejudicam bastante o resultado do filme, apesar do esforço de Day no papel principal (mesmo com este passando boa parte do filme berrando, o que irrita um pouco), e do carisma de Cube, completamente à vontade no papel do professor truculento e estourado. O filme inclusive traz uma proposta até interessante onde se propõe a discutir o delicado momento da educação norte-americana (não é somente aqui no Brasil que a coisa está feia), contudo, o tom um tanto grosseiro da produção falha em aproveitar melhor a ideia, infelizmente.

Resumindo, quem procura algumas risadas sem compromisso nenhum, pode se divertir até que bem com este Te Pego na Saída. Para quem procura um entretenimento melhor conduzido e de tom mais conservador e inteligente, melhor ficar com o original, como de praxe.

Te Pego na Saída ainda não tem data de lançamento definida no Brasil.