Crítica: The Silence (2019)

The Silence

Este novo thriller The Silence (EUA, 2019), talvez seja o maior caso de plágio que não é plágio na história do cinema. Quem resolver assistir ao filme, provavelmente chamará a produção de uma imitação meia-boca de dois hits do gênero no ano passado, o excelente Um Lugar Silencioso (A Quiet Place), e o eficiente Bird Box, até agora o maior sucesso comercial da Netflix, detentora também deste The Silence. Vale ressaltar que você encontra as críticas campeãs de acessos na internet de Um Lugar Silencioso e Bird Box aqui no Portal do Andreoli.

A questão é que, antes de considerar The Silence uma imitação, é preciso saber que na verdade, a história que deu origem ao filme foi publicada bem ANTES do lançamento de Um Lugar Silencioso (cuja trama é a mais semelhante), na forma do livro homônimo escrito por Tim Lebbon em 2015. O livro Caixa de Pássaros, escrito por Josh Malerman e que deu origem ao filme protagonizado por Sandra Bullock, foi publicado um ano antes, o que leva a crer que tanto The Silence quanto Caixa de Pássaros foram escritos na mesma época.

Entretanto, depois do lançamento dos citados arrasa-quarteirões no ano passado, fica difícil não associá-los à este bem mais modesto The Silence, principalmente o tenso Um Lugar Silencioso, cuja sinopse é quase que praticamente a mesma: Em um mundo onde aterrorizantes criaturas caçam suas presas humanas através som, uma família cuja filha mais velha é surda, precisa lutar para sobreviver. Como já deu para perceber, o plot dos dois filmes é realmente idêntico, contudo, The Silence aos poucos trilha um caminho próprio, não tão inspirado como o filme de John Krasinski ou mesmo como Bird Box, mas que até prende a atenção com algumas passagens mais tensas e executadas com certa competência.

Dirigido por John R. Leonetti, nome de certa bagagem dentro do gênero, primeiro com trabalhos como diretor de fotografia em filmes como Sobrenatural (Insidious, 2009) e Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), e posteriormente como diretor do sucesso Annabelle (2014), The Silence centra sua história em Ally Andrews (Kiernan Shipka, da série O Mundo Sombrio de Sabrina), uma adolescente de 16 anos que perdeu sua audição aos 13, e que ao lado de sua família, luta para sobreviver em um mundo aterrorizado por uma espécie primitiva e mortal de criaturas que procriou por décadas na total escuridão de um vasto sistema se cavernas subterrâneas, e que caçam utilizando-se apenas de sua potente audição.

Enquanto a família busca refúgio em uma espécie de santuário, eles começam a ponderar sobre que tipo de mundo estará esperando por eles quando finalmente puderem voltar, ao mesmo tempo em que descobrem a existência de um sinistro culto no local, que quer usar os aguçados sentidos de Ally como uma última esperança de sobrevivência.

Conforme comentei, apesar de premissa praticamente idêntica à do filme Um Lugar Silencioso, The Silence começa a diferir um pouco do filme citado quando a família começa a interagir mais com todo o subtexto do santuário ao qual chegam em determinado momento do filme. Quando a narrativa transcorre no local, a produção passa a canalizar eventos semelhantes aos do citado Bird Box, e mais uma vez fica a impressão de se estar vendo um plot reciclado de bem pouca originalidade. O forte elenco de apoio ajuda, com nomes como Miranda Otto (da trilogia O Senhor dos Anéis); John Corbett (Casamento Grego), e principalmente o sempre ótimo Stanley Tucci (Spotlight: Segredos Revelados), mas é mesmo a bonitinha Shipka o principal chamariz da produção, que visivelmente se aproveita dos holofotes que estão voltados para a atriz depois de sua participação na série O Mundo Sombrio de Sabrina, um sucesso absoluto junto ao público jovem da Netflix.

Resumindo, The Silence é um produto mediano, porém que com certeza fará bastante sucesso no streaming da Netflix, principalmente graças a seu elenco carismático e sua trama de fácil apelo junto ao público. Ainda assim, é impossível não sentir aquela sensação de comer um prato requentado não só uma, mas duas vezes, enquanto se assiste ao filme. Mas é como dizem… em Hollywood nada se cria, tudo se copia.

The Silence estreia no catálogo da Netflix dia 10 de abril.

2 respostas

  1. O filme beira ao ridículo. Pessoas “gritando” por silêncio e disparando tiros para cima logo em seguida. Bela tentativa, mas ainda não foi dessa vez.

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