Crítica: Troco em Dobro (Spenser Confidential) | 2020

Algumas dobradinhas clássicas do cinema: Martin Scorsese e Robert De Niro/Leonardo DiCaprio, Quentin Tarantino e Samuel L. Jackson, Steven Spielberg e Tom Hanks, entre outras. Existe porém, uma dobradinha de menor expressão que o público menos informado talvez nem tenha se dado conta de que vem acontecendo ao longo dos últimos anos; Estou falando do diretor Peter Berg e do astro Mark Wahlberg, que com esta nova produção original Netflix, Troco em Dobro (Spenser Confidential, EUA, 2020), completam sua quinta parceria juntos. Antes vieram O Grande Herói (Lone Survivor, 2013), Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (Deepwater Horizon, 2016), O Dia do Atentado (Patriots Day, 2016) e 22 Milhas (Mile 22, 2018).

E se você está procurando por alguém que fale mal desta parceria entre Berg e Wahlberg, desculpe, mas você está lendo a crítica errada. Pois apesar de não ter o cacife ou a natureza clássica das parcerias citadas acima, a colaboração entre Mark e Peter sempre entrega algo empolgante, mesmo transitando pelos clichês dos thrillers de ação e do drama urbano. Pessoalmente falando, considero O Grande Herói uma pequena obra-prima, e O Dia do Atentado um dos filmes mais sólidos de 2016. O próprio Horizonte Profundo também me agradou muito. Resumindo, quando trata-se de adaptar incríveis histórias verídicas que envolvem o fator superação, esses dois não falham.

O que nos leva à este Troco em Dobro, nova produção Netflix que nada tem de verídica, mas que assim como os filmes anteriores da dupla, diverte um bocado. Quem já viu o trailer do filme não precisa se preocupar em comprar gato por lebre, já que o trailer vende exatamente em que consiste a produção: Um buddy movie sem maiores pretensões narrativas, mas que aposta no carisma de sua dupla central e no nível de ação, com resultados divertidíssimos. E não há absolutamente nada de errado nisso.

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O personagem de Wahlberg, o Spenser do título original, é oriundo de Wonderland, romance do escritor Ace Atkins que utiliza o personagem, que na verdade foi criado por outro novelista, o obscuro Robert B. Parker. Fluindo sem maiores ambições como uma agitada comédia de ação, Troco em Dobro apresenta Spenser ao público no momento em que ele sai da cadeia e decide deixar a cidade de Boston de uma vez por todas. Spenser é um ex-policial, mais conhecido nas ruas por causar confusão do que propriamente por resolvê-las. Mas quando dois ex-tiras que trabalharam com Spenser aparecem mortos, ele recruta Hawk (Winston Duke, de Pantera Negra e Nós), um lutador barra-pesada que não está pra brincadeira; e sua ex-namorada boca-suja, Cissy (Iliza Shlesinger, de De Repente uma Família), para ajudá-lo a investigar as mortes e levar os culpados para a justiça.

Além da excelente dupla central personificada por Wahlberg e Duke, Troco em Dobro ainda traz o veterano Alan Arkin (Argo, Pequena Miss Sunshine) no papel do antigo treinador de boxe do protagonista, que é chegado numa boa piada; e o versátil Bokeem Woodbine (Sombra Lunar, Operação Overlord), formando um elenco de apoio que fortalece o conjunto do filme. Mas são mesmo Wahlberg e Duke quem comandam o show, esbanjando química em cena. Enquanto que Wahlberg encarna seu habitual espertinho cheio de charme, Duke é uma verdadeira força da natureza, um rolo compressor. O filme ainda conta com um roteiro escrito pelo especialista do gênero Brian Helgeland, que conta com alguns excepcionais trabalhos no currículo, como Los Angeles: Cidade Proibida, O Troco e Chamas da Vingança.

Dada a qualidade dos trabalhos anteriores do diretor Peter Berg e de seu colaborador Mark Wahlberg, Troco em Dobro pode até ser considerado inferior, e definitivamente não carrega o peso de obras como Horizonte Profundo e O Dia do Atentado. Contudo, quando consideramos o fator diversão, Troco em Dobro entrega tudo o que promete e um pouco mais. Confesso que inclusive gostaria de ver uma continuação. Quem sabe…

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Troco em Dobro estreia no catálogo da Netflix no dia 06 de Março.

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