César Sacheto: Noite memorável

Emocionante,  intenso, incrível,  estressante, preocupante, revoltante, vergonhoso. Esses são alguns adjetivos que podem ser utilizados para classificar o jogo entre Palmeiras e Peñarol, nesta quarta-feira,  em Montevideu,  vencido pelo time brasileiro por 3 a 2 de virada.

Bem, falando sobre futebol,  o clube paulista fez um primeiro tempo horroroso, dos piores que já vi nessa vida. O time não conseguia trocar três passes e levou um “vareio” dos uruguaios. E ainda teve contra si a mancada do árbitro da partida, Enrique Cáceres, que não viu o atacante Affonso, do Peñarol, segurar o zagueiro Mina para marcar o primeiro gol da equipe da casa. Depois, ainda viu Junior Arias ampliar o marcador.
O palmeirense estava irritado com o time e as cornetas soavam no ouvido do técnico Eduardo Baptista durante o intervalo. Muitos questionaram a mudança do esquema de jogo – ele usou o 3-5-2 na primeira parte do confronto – e a escalação alviverde. Quem viu o primeiro tempo não acreditaria em uma reviravolta. Mas ela veio.
O Verdão voltou para a segunda etapa com uma formação diferente – com Willian e Tchê Tchê – e armou uma blitz sobre o Peñarol. Em poucos minutos, os torcedores já tinham esperança na reação. O espírito da equipe mudou. Parecia que todos acordaram durante o vestiário. Willian Bigode fez dois e se tornou um dds destaques da virada, que ainda um gol perdido de forma inacreditável por Roger Guedes. Foi um daqueles lances para fazer parte do Inacreditável FC.
Mas o apito final do árbitro paraguaio não encerrou as emoções da noite. Um desentendimento entre jogadores uruguaios e o goleiro Fernando Prass deu início à uma enorme briga. Felipe Melo teve que recuar, se defendeu e desferiu um soco em um jogador do Peñarol. Bigode e Prass saíram sangrando. O grupo palmeirense teve muitas dificuldades pra deixar o gramado, pois o portão que dá acesso ao vestiário foi fechado. Uma irresponsabilidade.
Evidentemente,  o clima hostil no gramado contagiou as torcidas. Integrantes de uma organizada do Palmeiras e alguns torcedores do Peñarol se enfrentaram. Horrível. E o policiamento estranhamente não interveio. Não entendi a atitude – ou a falta dela – por parte da polícia local.
E pra fechar a jornada com chave de ouro, o técnico Eduardo Baptista fez um desabafo muuuuuito acima do tom na coletiva pós-jogo. O homem gritou, bateu na mesa e culpou a imprensa pelo clima nervoso no Palmeiras na última semana. Disse que é homem e não aceita mentiras. Falou até palavrão no microfone. Foi curioso vê-li perder a compostura aos poucos. Baptista começou o discurso meio que se lamentando de ser vítima de notícias falsas sobre um suposto racha no elenco e terminou esbravejando. Foi um chilique daqueles. Entrará para a história das entrevistas coletivas.
Eduardo Baptista pode ter razão em reclamar de determinados jornalistas. Afinal,  todas as profissões têm corretos e picaretas. Mas ele precisa antes de mais nada controlar o próprio time e oferecer um padrão de jogo ao Palmeiras. Hoje, ainda está muito na base da qualidade individual do grupo. Fala bem, mas – ainda-  não é o treinador que se esperava para o Palmeiras.

 

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