Tentativas, erros e acertos

Sou uma otimista nata, acredito nas pessoas, tenho muita fé e esperança num futuro melhor.

Se você me conhece, sabe que ando sorrindo, com cara de feliz, sempre disposta a dar um abraço de urso nas amigas, gosto de marcar cafés que duram horas, só para ficar ouvindo histórias.

Costumo dizer que quem vê a embalagem não imagina o conteúdo, é mais ou menos aquela história que nem tudo que reluz é ouro.

Então eu, assim como tantas de vocês já me iludi, acreditei em história para boi dormir, comprei gato por lebre e me estatelei no chão… ou seja, como dizem popularmente, me ferrei bonito.

Deve ser por isso que desenvolvi um sentimento de compaixão, de empatia com quem passa por situações que considero injustas e desleais.

Conheço uma mulher que é inspiração para o mundo, uma inovadora, uma guerreira de verdade, que fala o idioma guarani e ensina as mulheres das comunidades indígenas a se tornarem empreendedoras, a ganhar seu próprio sustento.

Uma empresária incansável, capaz de carregar um caminhão sozinha, capaz de transportar harpas e artesanato indígena de um lado para o outro para divulgar a cultura do seu país, os costumes e a beleza estética dos seus produtos.

Ela se chama Lorena e se divide entre o Paraguai e o Brasil, é uma esposa dedicada, uma mãe presente, uma profissional altamente qualificada, uma engenheira industrial, especializada em Moda e Marketing Estratégico, uma ativista pela inclusão e diversidade. Corajosa, sua vida empresarial teve início quando cansada da vida que levava, vendeu o anel de casamento para criar uma marca de moda que exalta a língua tupi-guarani, é ganhadora de diversos prêmios aqui e no exterior e coordena nosso comitê de moda e design.

Pronto, com este perfil você deve estar imaginando que a vida dela é um mar de rosas, um lago de águas tranquilas, sem percalços ou tombos, só sucesso.

Mas, há algum tempo atrás, percebi a sua ausência, ela se desconectou, ninguém sabia o que tinha acontecido e começamos a tentar contato… nada, nenhuma resposta.

Óbvio que fiquei preocupada, queria entender o que estava acontecendo, até que finalmente, conseguimos marcar um café, olho no olho, ela chegou cabisbaixa, olhos marejados, uma tristeza sem fim, dizia que seu sonho tinha acabado, que iria jogar a toalha, desistir, perguntava a mim e a si mesma se talvez não tivesse enfiado os pés pelas mãos, se precipitado em suas decisões.

Ela é uma visionária, vive anos à frente das pessoas normais e é um exemplo de inovação. Mas apostou em fichas erradas, em projetos que não deram certo, com expectativas que não foram atingidas, teve prejuízos financeiros gigantes, se viu no meio de um furacão e se isolou.

A esta altura, creio que muitas de vocês estão se identificando com a história, quantas vezes nós acreditamos no pote de ouro no final do arco íris e perdemos tempo, dinheiro, credibilidade e reputação.

Só quem é dona do próprio negócio conhece a dor que sentimos quando falimos, quando precisamos demitir funcionários e fechar as portas, é um sentimento enorme de fracasso, como se tivessem tirado um pedaço da gente, afinal, foram noites sem dormir planejando um negócio que às vezes envolveu o esforço de gerações ou o projeto de uma vida inteira.

Quando perdemos as esperanças é fácil cair em depressão profunda, sentir vergonha de si mesma, querer se esconder, fugir e fazer de conta que não existe mais. É nessa hora que precisamos de amigas, de colo, de amparo, de compreensão, sem julgamentos, só apoio.

Este texto é dedicado à todas as pessoas que algum dia se enganaram ou foram enganadas, este texto é para pedir empatia e solidariedade, é um sinal para que você entre em contato com pessoas que se auto cancelaram, elas podem estar precisando de você aqui e agora.

“Sozinhas invisíveis, juntas invencíveis”  

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: Freepik

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