Silene Silva: Todo amor tem seu preço!

A história dessa semana é para tentar quebrar o preconceito em relação a compra de animais. E isso não significa apoiar, mas fazer com que todos entendam que Deus simplesmente escolhe as pessoas e os animais também.

 

Muita gente acredita que quem gosta de pets deve adotar aqueles que foram rejeitados e abandonados – os que estão nas ruas ou aqueles filhotes que, por descuido de tutores, tenham nascido de uma gravidez inesperada. Os famosos vira-latas!

 

Vamos ajustar as ideias: todos os animais merecem ser amados. Sejam eles vira-latas ou de uma determinada raça. Achados nas ruas ou que seja os que estão à venda em algum canil. O que acontece é que muita gente não consegue distinguir a venda irresponsável de animais com os canis sérios, que estão aí pra fazer com que a genética não se perca com o passar dos anos. O cuidado que um criador tem com seu canil tem um custo. E qual o mal em sonhar ter um cão de uma de raça? Todos que são apaixonados por pet já teve, em algum momento, vontade de adotar um filhote de sua escolha, do jeito que sempre sonhou.

 

As pessoas ligadas ao ramo da proteção animal enfrentam inúmeras dificuldades. A luta de quem quer fazer o bem nunca é fácil. Os recursos são escassos. Os preconceitos são inúmeros. A imposição de regras, nem se fala!

 

Yana é uma jovem de 24 anos, protetora desde os seus 16. Durante o período de oito anos a protetora já salvou e conseguiu lares para inúmeros animais. Muitos deles, ela mesma adotou. Também passou seus vários períodos de derrotas porque, infelizmente, não dá pra salvar todo mundo.

 

Além de ter o amor em salvar animais, a jovem trabalhava em um petshop na função de banho e tosa – mais um bom motivo para estar mais perto dos bichos. O dono do estabelecimento e chefe de Yana possuía diploma em Cinofilia (estimulo e desenvolvimento em raças caninas). Através dos estudos, o rapaz criou uma preferência pessoal por duas raças. Uma delas, Dogue Alemão, ele criava um casal.

 

O casal de Dogue Alemão frequentemente ficava aos cuidados da moça. Yana acabou criando um apreço especial pela raça, que acabava de ganhar sua primeira ninhada de 12 filhotes. Mesmo ansiosa para conhecer os bebês dogs, Yana nunca imaginou em levar um pra casa porque sempre acolheu e resgatou os abandonados. Mas acabou se apaixonando por um dos filhotes. “Como boa protetora, eu achava desnecessário pagar por um animal. O correto seria manter espaço e dinheiro para os vira-latas que precisassem de mim”, contou a protetora.

 

A intenção de Yana com a visita aos filhotes era dar uma de “Felícia” (personagem de desenho animado que demonstra sua paixão por animais com fortes abraços). De início, a moça conheceu os bebês apenas por fotos em uma rede social. E um dos filhotes, o Chorão, chamou a atenção de Yana por ter um aspecto frágil. Teoricamente, a protetora tinha as suas ideologias e não julgava certo ter de passar por cima de todas elas. Mas, como muitos acontecimentos na vida nós não sabemos explicar, Yana sentia uma ligação forte com o filhote e passou por cima de tudo o que acreditava ser correto e esqueceu de todo o sofrimento e acusações que teria de passar por ser protetora e comprou Chorão. “Ele era um filhote saudável, teoricamente, não precisava de mim e eu não precisava pagar por ele. Mas eu precisava dele e ele de mim”, disse.

 

Yana estava confusa e insegura em relação à mistura de sentimentos que sentia pela atitude que tomou. O saldo de uma atrofia na pata traseira, meses de fisioterapia com profissional, tratamento em casa e uma dieta especial se encarregou de explicar para a protetora toda a empatia que sentia ao ver o cão pela primeira vez. De 12 cachorrinhos, Chorão foi o único que apresentou sérios problemas de saúde. Patologias de nascença, mesmo.

 

O pequeno grande cachorro ficou bem, mas Yana logo foi avisada pelo os médicos veterinários de que Chorão provavelmente desenvolveria displasia (complicação genética que altera as conexões ósseas e articulares na região do fêmur, geralmente hereditária, mas pode ser adquirida com o passar dos anos) por conta de toda a dificuldade inicial que o cão passou. E desenvolveu! Como se não bastasse, Chorão passou a ter pedras na bexiga, somadas com um nódulo no testículo e digestão lenta. O cão era o típico “cara” daqueles encrencados, mesmo!

 

A grande questão é que Chorão foi adotado (mesmo que comprado) pela pessoa certa. Yana passou por cima de todos os preconceitos, de tudo o que acreditava para ter aquele cão sobre a sua guarda. Para a protetora, se fosse outro tutor a ter comprado Chorão, não teria o amor e a paciência com que ela lida com a quantidade de patologias que o cão nasceu e as que adquiriu pela fragilidade na saúde. “Hoje eu paro pra pensar, se não fosse eu, protetora animal, comprar o Chorão, será que outra pessoa cuidaria dele como eu cuidei, e ainda cuido?”, disse.

E como tudo o que se faz com amor dá certo, logo vieram as recompensas. Chorão aproveitou a carga de amor e de cuidados que recebia (e ainda recebe) diariamente, além de seu peso pesado acima de 30 quilos, e passou a propagar sua riqueza e amor a outros cães: o dog se tornou doador de sangue em potencial. Salvou vidas. É um irmão dedicado e amoroso que os vira-latas, que Yana adotou antes de Chorão, não vivem sem!

 

A protetora acredita que todo o esforço pelo cão valeu a pena. Mesmo todas as acusações naturais de quem não apoia a venda de animais, não fizeram Yana ter um pensamento contrário de que agiu corretamente. “O Chorão foi a minha melhor colheita. Me ensinou que, à vezes, ir contra a regra, nem sempre é hipocrisia”, finalizou.


Pra quem se perguntou o porquê do nome de um cão tão imenso e robusto ser Chorão, a protetora homenageou o cantor, já falecido, da extinta banda Charlie Brow Junior.

 

A história de Yana e Chorão mostra que o preço do amor é o mais delicioso a se pagar!

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